Sem Título

Oi, é... desculpe te ligar a essa hora da madrugada, é que eu não pude me conter em te falar.

Sabe aquelas alianças que tínhamos? Sim, a minha há tempos estava arranhada, alguns arranhões feios, tão feios que por vezes achamos melhor esquecê-las, você lembra não é? Eu sei, a sua também estava. Polir nunca era o suficiente, porque no máximo em uma semana dávamos um jeito de arranhar profundamente e por vezes - diria até a maioria delas - nos mesmos lugares de sempre. 

Eu só queria te dizer que a minha quebrou. Está quebrada, mas não tirei, eu juro, ela ainda está aqui comigo, no mesmo lugar em que você colocou. Mas todo mundo sabe que alianças quebradas beliscam e incomodam um tanto, a sua certamente - se estiver tão quebrada quanto a minha - também a belisca. O que também acontece é que, durante a noite todo mundo incha, todo mundo sabe disso, porque as células armazenam mais água durante esse tempo, e por causa disso às vezes acordo na madrugada com minha aliança sufocando meu corpo, de maneira que se eu não fizer um joguete psicológico e pensar que tirei mesmo sem ter tirado, não consigo dormir nem acordar. 

Eu não quero tirá-la, não quero poli-la, quero conserva-la, pois apesar de estar quebrada, ainda vale muito e por significar tanto, muitas vezes ele equilibra todo o meu corpo. 

Benzinho, dá-me alívio, dá-me a certeza de que nossas alianças podem ser alongadas, alargadas, dá-me o que é meu por direito.

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